Zen.

Uma vez eu estava fazendo uma palestra sobre o zen para um grupo de praticantes tibetanos. E eles costumam recitar mantras. Nós também temos mantras no zen, como o do final do Sutra do Coração da Sabedoria em que dizemos Gyate Gyate, hara gyate, hara so gyate, bodi sowaka. Que quer dizer, “Idos, ou chegados à outra margem, todos juntos, o despertar, salve” que é a margem da sabedoria ou iluminação. Os tibetanos, ao usarem os mantras, acreditam que estão influenciando o mundo com esses sons. Então um aluno perguntou, “qual o mantra mais sagrado?”. Eu poderia dizer que é o do final do sutra do coração. Mas como ele fazia a pergunta preso a essa questão de sons sagrados e rezas, eu lhe respondi, “quando você vai ao banheiro e usa o vaso sanitário e ouve o ruído…Pluf…esse é o mantra mais sagrado”. Como todos ficaram congelados eu expliquei, veja bem, o universo é uno, todos os sons são a voz de Buda, são voz búdica, é o universo se manifestando. A manifestação do universo. Quando você pensa esse som é sagrado e esse não é, é sua mente classificatória que está funcionando, uma mente que separa bom e ruim, bonito e feio. Quando você for ao banheiro e ouvir esse som como se fosse a voz de Buda, então você superou sua mente classificatória, sua mente conceitual e realmente viu tudo, então, esse é o mantra mais sagrado. Por isso as respostas dos mestres podem parecer aparentemente malucas, mas têm sentido.

monge genshô.

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