Balística

Quando adolescente estudava administração num curso técnico, e dele nasceu um projeto social cujos recursos viriam não de patrocínios e editais, mas da culinária. Trata-se do que, mais tarde, culminaria no projeto Meta(c)afé.

A idéia permaneceu um tempo no papel enquanto eu cursava Ciências Sociais, pensando em pensar em trabalhar em um emergente “terceiro setor”. No caminho vi paisagens que desconhecia: coisas ainda sem nome. Chamei-as de oásis: economias solidárias, metareciclagens, rizomas de rádios livres e coletivos de agricultura urbana… Utopias piratas primando pela leveza e vivendo por ela. Conheci o Manifesto Cluetrain:

Nós não somos audiência, usuários finais ou consumidores. Somos seres humanos — e nosso alcance vai além da sua compreensão. Encare isso.

Durante esse tempo na universidade expandi meus conhecimentos. Como resultado, me formei decidido a ser um instrutor de yoga mais que qualquer outra coisa. E foi também ali, nos intervalos da Universidade, que a Radiola nasceu. Dela ideias se soltaram feito esporos de uma samambaia.

Hoje, sigo caminhando.

Tudo isso está basicamente certo. Meu gosto é pela cultura livre, descentralização, experimento, criação. Questionar é semear mudanças. Sou radical em minha busca pela gentileza.

Ou, como diria Gilberto Gil:

…não sei se consegui criar o meu espaço dentro de suas leis. Mesmo assim continuo cultivando esse estranho e provocador gosto de juntar conceitos que pareciam estar destinados a ficarem eternamente separados. Como parabólica e camará. Gosto de ver o mundo ecoando como uma cabaça de berimbau. Gosto de juntar diferenças.

Salé, 1622.

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